As questões que envolvem o cenário nacional são complexas e de difícil solução. Ser empresário no Brasil, na atualidade e mesmo em outras épocas, é sinônimo de criatividade, persistência e resiliência. Nos últimos meses, os sobressaltos envolvem: aumento dos combustíveis, aumento das tarifas de energia, escassez de água, aumento de impostos, redução do consumo, disparada do dólar, entre outros fatores que fazem com que o cenário fique nebuloso e incerto.
Mas crise econômica não é novidade neste país, a exemplo do que o mercado viveu na década de 80, a chamada “década perdida”, em virtude de inúmeros problemas que culminaram com planos econômicos catastróficos para a população e para as empresas de forma geral.
Muito embora o empresariado tenha que lidar com as dificuldades existentes na economia nacional, com períodos de maiores e outros de menores obstáculos ao crescimento organizacional, a empresa familiar sobrevive às intemperes, e continua sendo predominante na economia do Brasil e do mundo.
As organizações de natureza familiar são as maiores geradoras de emprego e renda neste país. Estima-se que empregue cerca de 60% da mão-de-obra brasileira, e que promova 48% da produção nacional. A própria economia do país baseia-se em grandes grupos de propriedade familiar.
Para que a empresa se mantenha no mercado, mesmo com a grande turbulência enfrentada pelas empresas brasileiras, é necessário garantir que a empresa esteja profissionalizada, permitindo a adoção de instrumentos que regulam as ações e que monitorem os resultados corporativos. O Programa de Governança Corporativa é uma ferramenta importante no processo de profissionalização das empresas familiares.
Além disso, é fundamental que haja preparação do sucessor.
Neste ambiente competitivo, o Conselho de Administração assume grande relevância no desenvolvimento da gestão corporativa. Sua formação e estrutura podem ter o papel decisivo na sobrevivência da empresa, na conquista de novos mercados e nos direcionamentos estratégicos das organizações.
Em virtude da crise brasileira que se abateu nos mercados, e consequentemente nas organizações de uma forma geral, tornou-se fundamental para as corporações de natureza familiar desenvolver mecanismos que minimizem riscos e ajudem a estabelecer os direcionamentos estratégicos. Isso pode ser feito por meio de alguns posicionamentos que a família deve adotar frente a seus negócios, a saber:
- Metas e Objetivos de Longo Prazo;
- Definição dos papéis do Conselho de Administração;
- Definição do papel do gestor corporativo, além da descrição exata de suas funções, de maneira a nortear sua conduta e permitir a obtenção de resultados efetivos.
- As boas práticas de Governança Corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perpetuação.
Empresas em geral, incluindo as familiares, devem ser administradas por quem entende de gestão. Um negócio de qualidade, lucrativo e bem gerido, encontra-se relacionado à boa governança.
Assim, Governança Corporativa é o conjunto de mecanismos adotados com o objetivo de assegurar que os gestores alocarão os recursos de forma a atender os interesses dos sócios, ou seja, um conjunto de ações administrativas mais justas e com maior transparência.
Com esta providência, qualquer desvio de conduta por parte dos componentes da empresa, deve ser considerado como infração, podendo gerar penalidades, de acordo com a gravidade do ato.
Considerando que a Governança Corporativa é um sistema de regras de natureza procedimental, de cunho ético e moral, sua efetivação dependerá da adesão de todos aqueles que atuam na empresa, às normas comportamentais e funcionais estabelecidas.
O primeiro passo para uma boa sucessão e profissionalização é a governança corporativa. A conduta da família frente aos processos de melhoria irá determinar sua sobrevivência, em tempos de crise econômica, ou mesmo em situações de bonança.
Com: Domingos Ricca.