A união de família e negócios nem sempre é um processo simples e que dá certo para todos os empreendimentos. A longevidade de uma empresa familiar transita por diversos fatores, como uma sucessão planejada e preparada, o fortalecimento da cultural organizacional e a profissionalização da gestão. Estes foram alguns dos pontos mencionados pela diretora-presidente da Fruki Bebidas, Aline Eggers Bagatini, durante a programação do 1º Fórum do Conhecimento, organizado pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias).
Aline assumiu a presidência da empresa gaúcha em 2019, sucedendo o pai, o empresário Nelson Eggers, e se tornando a primeira mulher no cargo máximo da organização. Estar à frente de uma empresa prestes a completar 100 anos, com atuação no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, exigiu preparação e levou tempo. Aline se recorda que estava há 10 anos na Rede Ipiranga, quando, em 2002, recebeu o convite do pai para entrar para a Fruki. A decisão de sair de um trabalho onde estava em ascensão para atuar com a família a deixou dividida.
— Sair da Ipiranga não foi uma decisão fácil. Trabalhar em uma empresa familiar, com o pai, nem sempre é a melhor decisão. Mas, quando meu pai me falou sobre toda a engrenagem da companhia, eu pensei que estava no lugar certo, que poderia contribuir. Meu sonho era crescer — conta a CEO.
Logo nos primeiros anos, Aline entendeu que era preciso investir em governança corporativa para o que ela chama de “proteger o negócio das pessoas”. Novos processos foram sendo inseridos, aos poucos, com muita discussão e a partir do próprio amadurecimento dos temas junto às pessoas.
— Em 2007, criamos o primeiro conselho da Fruki. Depois, profissionalizamos a diretoria, temos auditoria externa, temos os comitês de pessoas e finanças, que se reportam diretamente ao conselho… Então, é uma questão de profissionalizar todas as decisões — detalha.
Em 2013, Aline recebeu a comunicação de Nelson que ele deixaria o comando da Fruki e que gostaria que ela tomasse a frente da companhia. O processo de sucessão durou seis anos, sendo formalizado em 2019. Aline ocupará o posto por 10 anos e, depois, o passará para o irmão dela, Julio Eggers, que deverá ficar no cargo pelo mesmo período, seguindo o protocolo determinado pelo pai e aceito pelos acionistas.
— A gente trabalhou muito bem juntos o tempo todo. Sempre criamos uma parceria na gestão. Ele sempre respeitou muito a minha opinião e eu a dele — acrescenta Aline, se referindo ao apoio e a relação respeitosa que manteve com o pai durante os anos que antecederam a ocupação da presidência.
Aline também pontua a importância de cuidar da cultura do negócio para que a sucessão tenha sucesso e para que o negócio cresça fortalecido:
— A nossa cultura é focada no nosso cliente, buscando atendê-lo sempre melhor. Mas é através de pessoas engajadas, motivadas e apaixonadas que trazemos resultados crescentes — observa a diretora-presidente.
Fonte: GZH.