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Como ser um intraempreendendor de impacto em negócios familiares

Quais as competências-chave de executivos que conseguem acelerar as agendas de impacto socioambiental positivo a partir de grandes sistemas? Chamamos essas lideranças de “intraempreendedores de impacto”. Esses inquietos têm em comum capacidades como praticar pensamento generativo, construir estratégias e business cases convincentes, costurar comunidades e relações-chave, desbloquear recursos de diferentes naturezas, negociar com o sistema político da organização e cultivar resiliência pessoal. Segundo a inteligência coletiva mapeada pela comunidade internacional da Liga de Intraempreendedores, essas competências são comuns e essenciais àqueles que já comprovaram que é possível dar vida a projetos relevantes de impacto e desenvolver culturas mais propícias a novas ideias e processos a partir de grandes empresas.

No Brasil, por meio de programas de fellowship, de desenvolvimento de liderança e de jornadas in company com seus delivery partners, a Liga já trabalhou com mais de 70 grandes organizações. Com essa lente, nos últimos anos passou a observar que essas também eram características de membros de famílias empresariais que estavam se aproximando dos negócios e assumindo as pautas de impacto positivo e mudança de cultura. Em todos os casos, sem exceção, pelo menos um membro da família empresarial que se mostra mais conectado e comprometido com esse processo.

Foi a partir dessa percepção que surgiu o painel sobre intraempreendedorismo em empresas familiares na edição 2022 da Global Intrapreneur Week (Semana Global do Intraempreendedor), primeiro evento global focado em intraempreendedorismo e impacto social, que aconteceu de 10 a 14 de outubro. A proposta do painel era ressaltar a importância de avançar o estudo e a prática em empresas familiares que estejam comprometidas com a agenda de responsabilidade socioambiental.

Das empresas instaladas no Brasil, segundo o IBGE, 90% têm perfil familiar. Essas companhias respondem por mais de metade do PIB Brasileiro. Segundo estudo da KPMG de 2021, mais empresas familiares pretendem investir em inovação: 38% dos respondentes afirmaram que eventuais investimentos seriam para inovação no negócio atual (versus 28% em 2018).

Se observarmos a longevidade das empresas familiares, 33% delas têm entre 21 e 40 anos de existência; 30%, de 41 a 70 anos; e 21% têm mais de 70 anos.

Alguns dados desse mesmo estudo apontam para um contexto de mudanças:

  • 22%delas já́ têm membros da terceira geração atuando no negócio (e 41% da segunda geração);
  • 27% estão dispostas a direcionar recursos para novos negócios (versus 20% em 2018);
  • 24% relatam a possibilidade de transferir a gestão para a geração futura.
  • Em um estudo global da PWC com empresas familiares, também de 2021, algumas características dessas companhias apontam a relevância da prática do intraempreendedorismo de impacto nessas organizações.
  • Maior confiabilidade: no estudo Edelman Trust Barometer, de 2020, 67% dos entrevistados disseram que confiavam nas empresas familiares, enquanto apenas 58% diziam confiar nas empresas de capital aberto. “Empresas familiares podem ajudar a restabelecer a confiança no mercado.”
  • Oportunidade de conciliar tradição em legados com geração de valor:isso acontece diante de um novo imperativo de negócio: a agenda ESG.
  • Reputação de priorizar empregados e as comunidades: se não demonstrarem seu compromisso com esse tema por meio de ações concretas, as empresas correm o risco de perder a credibilidade e a reputação que justificam sua licença para operar.
  • Avanços lentos na agenda ESG:56% das empresas dizem que há oportunidade de liderar em práticas de negócios sustentáveis, mas apenas 39%, em média, têm uma estratégia de sustentabilidade em vigor. No mundo, esses percentuais são semelhantes.
  • Tradição em responsabilidade social corporativa:cerca de 80% no Brasil e no mundo têm algum tipo de atividade de responsabilidade social.
  • Legado é importante: representa a prioridade para 80% dos participantes brasileiros e 64% dos globais.
  • Necessidade de avanço na medição:há um ponto cego inegável quando se trata de traduzir os valores essenciais da família em ações concretas que demonstrem seu compromisso com os fatores ESG. As empresas familiares estão atrasadas em relação a como medir a sustentabilidade: por exemplo, como alcançar zero emissões líquidas de carbono ou como comunicar seu progresso e compromisso em relação ao tema.
  • ESG como oportunidade para atrair membros mais jovens da família:propósito e significado são vitais para essa geração, e o ESG pode fornecer ambos.

Cada organização é única. Um sistema vivo em contínuo desenvolvimento no qual, seja na sua concepção, ou após décadas de história, acontecem pequenos ou grandes movimentos rumo ao amadurecimento de uma agenda mais estratégica de impacto socioambiental junto às diferentes partes envolvidas direta e indiretamente com o negócio.

Em empresas familiares, esse despertar também é um processo contínuo, acontecendo em diferentes momentos de sua biografia organizacional, tendo como protagonistas gerações distintas. O real comprometimento e alinhamento da família com a agenda de impacto é estratégico para a celeridade do processo. Muito podemos aprender com a prática do intraempreendedorismo de impacto, para que membros de famílias empresariais entendam seus lugares de fala e atuação.

Fonte: Época Negócios.