A história de empreendedorismo da doceira Lázara Terezinha Ferreira começou na década de 1960, em Ituiutaba, no Pontal do Triângulo Mineiro. Durante a madrugada, ela se dedicava na produção de goiabada para complementar a renda e cuidar dos dez filhos.
Pouco depois, passou a produzir geleia de mocotó, mas foi o doce de leite que se tornou o carro chefe, e levou a doceira a constituir uma empresa familiar que se firmou em Uberlândia: o Doces Dona Lázara.
O desejo de resgatar sabores da infância para outras gerações, motivou os filhos, netos e bisnetos a impulsionarem o negócio familiar que já tem 60 anos de tradição. O cuidado na escolha dos ingredientes e o relacionamento bastante próximo aos clientes são o diferencial do negócio.
“Ao longo da nossa trajetória, tivemos dificuldades administrativas e mudanças que exigem adaptações nos processos. Nos anos 60, era a propaganda boca a boca que vendia o doce. Hoje, precisamos das redes sociais para alcançar mais consumidores”, explica Marlon Sandro de Oliveira, neto de Lázara e um dos administradores da empresa.
Na semana em que se comemora o Dia Nacional da Família (8/12), uma pesquisa realizada pelo Sebrae Minas com 1.413 empreendedores do estado mostra que mais da metade dos entrevistados (51%) está à frente de negócios familiares. Entre os portes, o Microempreendedor Individual (MEI) é o que mais tem familiares envolvidos no dia a dia das atividades empresariais: 56%. O percentual de Microempresas (ME) com gestão familiar é de 45% e de Empresas de Pequeno Porte (EPP) é de 41%.
Do total de entrevistados que afirmou ter um negócio familiar, 90% estão na primeira geração do negócio, ou seja, começaram com o atual proprietário. As EPP têm um percentual mais expressivo de negócios que já passaram da primeira geração da família: 15% estão na segunda e 2% estão na terceira geração. As ME veem em segundo lugar, com 11% dos negócios já tendo passado da primeira para a segunda geração e 2% para a terceira. Já entre os MEI, 6% afirmam estar na segunda geração e apenas 1% na terceira.
A pesquisa também mostra que 51% dos pequenos negócios familiares têm até quatro anos de mercado. As EPP são o segmento com maior longevidade: 50% têm mais de 10 anos e, dentre estas, 13% estão ativas há mais de três décadas. Entre os MEI, 60% estão em atividade há no máximo quatro anos, enquanto 21% têm entre 5 e 9 anos de atuação.
Segundo a pesquisa, o principal desafio na gestão de um negócio familiar, apontado por 37% dos entrevistados, é organizar e distinguir as finanças do negócio das pessoas. O segundo principal desafio é separar a relação familiar da profissional, destacado por 36% dos entrevistados. O terceiro mais citado, por 22% dos participantes, é estabelecer regras e distribuir tarefas e responsabilidades. A pressão emocional maior pelo fato de o negócio ser da família foi mais citada por donos de EPP (28%) do que pelos de ME (16%) e por MEI (14%).
Os entrevistados também foram questionados sobre os pontos positivos de um negócio familiar. A maioria (48%) citou a satisfação de trabalhar e estar mais próximo da família como a principal vantagem. Flexibilidade e autonomia foram outros benefícios citados por 47% e 38% dos entrevistados, respectivamente. Ter mais autonomia na definição de planos e estratégias para o negócio foi mais citada por donos de EPP (57%), seguidos pelos proprietários de ME (43%) e por MEI (32%).
Fonte: Jornal da Manhã.